"Histórias da Terra e do Mar"
Um pequeno jardim. Um pequeno jardim com um significado diferente. Um jardim com uma grande árvore no centro e árvores mais pequenas em redor. Eram todas árvores altas, com grandes ramos que, de vez em quando, não deixavam a luz do Sol passar. Tinham todas um aspecto em comum: no Outono despiam-se, mostrando a solidão dos seus ramos. Na Primavera eram todas completamente diferentes, cada uma transmitia a sua força, a sua mensagem. Nessas alturas eram árvores únicas, originais, amadas.
Ao fundo do jardim, existiam três bancos que ajudavam a crescer, a amar, a ser feliz e a viver. Eram bancos cinzentos, pouco confortáveis mas ajudavam a pensar, a chorar, a desabafar. Deixavam sempre dizer aquilo que se achava. Sentia-se uma enorme liberdade, podia-se respirar sem ter medo.
Existiam pombos. Pombos esfomeados, que amavam pendurar-se nos ramos e olhar para baixo, muito sérios.
Nas noites de Verão, o jardim enchia-se de magia, de ternura, de sabedoria. O vento quente contava as histórias mais antigas. Histórias vividas por crianças que o tempo transformou. Histórias vividas junto das raízes da árvore maior.
Margarida Salsinha
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