18# carta para a pessoa que estará presente nos tempos mais difíceis
Sabes que o que mais me assusta é o facto de não passar muito tempo contigo todos os dias e mesmo assim não ter segredos escondidos de ti? Conto-te tudo, até pormenores menos interessantes. Conto-te as minhas vitórias, conto-te as minhas desilusões. Afastadas por rotinas, afastadas por horas, por compromissos, mas nem por isso menos irmãs. Apoiamo-nos sem nos apercebermos disso. Conto contigo tal como tu contas comigo. Temos aquela necessidade de sentirmos que estamos juntas para tudo. Ninguém tem de perceber a nossa amizade, porque só a nós nos pertence e não vai mudar. São 9 anos de pura partilha, de brincadeiras parvas, de músicas sem nexo: como a do "fazer xixi, levar as mãos e ir para a fila", as nossas boas e grandes gargalhadas, tu dás o ar avarento e eu o lado responsável, mas mesmo assim somos iguais, tanto por dentro, como por fora. Conheço-te melhor que qualquer uma das tuas amigas, e tu tens noção disso. Temos sempre aquele medo incontrolável de perdermos o contacto, mas o melhor é mesmo nem pensar nisso. Crescemos juntas, e quero ter-te sempre do meu lado, porque gosto quando te armas em má e dizes que vais dar um murro a quem me fizer mal (ahah)! Sabe bem de vez em quando sentir a protecção de alguém, e o teu abraço nunca vou dispensar. Sabes que adoro o teu cheiro a bebé e adoro ainda mais os dias em que me chamas ‘Ana’ (já são poucos) mas só tu me fazes recordar que em tempos não tínhamos as preocupações que temos hoje nem metade das responsabilidades. Vais ser sempre a minha priminha linda que eu vou ter medo de desiludir, e de quem vou sempre tomar conta! Este sentimento não é de agora e não se alterou e é bom sentir isso.
Não preciso de dizer mais nada, como tu dizes, ‘tu sabes’
Margarida Salsinha
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