C-a-r-t-a
Diogo, 31 de Maio de 2011
Precisava de desabafar, e lembrei-me do que em tempos fomos. Ouve-me apenas:
Existem sentimentos no mundo que jamais vamos poder controlar. Sentimentos únicos, complexos, naturais. Podemos apenas controlar as nossas atitudes perante aquilo que sentimos e é isso que tu não és capaz de fazer.
Não julgo ninguém, mas fico desiludida com a capacidade de alguns de fazer sofrer os mais próximos, os que mais valor lhes dão, os que mais apoio lhes dão. Dar valor à dor é deixarmos de sonhar, e eu acabei por deixar de sonhar.
Acabei na nossa salinha, à espera do teu infinito chegar, à espera de poder voltar a ser como éramos juntos, no fundo, à espera de viver de novo. Revi as nossas fotografias nos álbuns que juntos compusemos, os nossos momentos, as nossas lágrimas.
Não chegaste. Decidi então continuar a viver, sem dar valor ao custo da solidão. Aprendi a dar valor ao desassossego do silêncio. As minhas lágrimas secaram de tanta importância que tinha dado à dor, dos meus poucos sonhos, das minhas poucas ilusões.
Afinal, foste mais uma ilusão, ou melhor, um sonho com dor. Chamemos-lhe de pesadelo.
Peço-te apenas que, agora, respeites o meu silêncio, o meu sorriso falso. Respeitei os teus desejos, as tuas faltas.
Porque sem ti não sou a mesma,
Clara
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