( Clarinha ) João Pedro:
[- Tens vindo ver o que te escrevo, será que alguma vez vieste?]
Não vou negar, és-me indispensável e isto sem ti aqui vai deixar de ser tão diferente de tudo. O teu apoio e até mesmo a tua coragem fazem-me falta, essa ausência faz-me pensar em 'nós' antes de 'tudo', faz-me voltar atrás no tempo e pensar em todas as vezes que esperavas por mim, que me respondias quando te chamava, que ríamos e até que chorávamos juntos. Tenho saudades da pessoa que era a teu lado, da pessoa que as nossas músicas faziam de mim, da boa companhia que eras. Lembro-me bem dos nossos passeios, das nossas tardes ao Sol, aquelas tardes em que queríamos dizer tudo e, aí, chegava a noite que desejávamos que não chegasse, e tínhamos já falado de tudo, menos do sentimento que nos tinha trazido tão longe, que nos tinha trazido um ao outro. És o que sempre quis para mim, és o que mais ninguém me pode dar, és aquele que me completa, que me dá o valor que eu nunca pensei ter.
Existem momentos dos meus dias infinitos que só me apetece correr para o nosso cantinho, aquele que já não é mais teu, e esperar que voltes, esperar que me faças tão ou mais feliz do que fizeste no último ano.
- às segundas só partes à noite, que às terças não tive tempo, que às quartas não te vejo de qualquer maneira, que todas as quintas são greves e que o único dia em que vou sentir falta do teu cheiro e do teu abraço é à sexta, visto que aos fins-de-semana a tua viagem acaba.
Assim será, todas as semanas.Para resumir tudo o que tinha para te dizer, digo apenas que não esqueço cada gesto teu, bom ou mau, estão todos guardados. E não me esqueço que ainda não recebi o que me prometeste, ainda não senti ser assim tão importante para ti como tu és para mim.
Hei-de conseguir olhar para ti e dizer que aprendi uma grande lição contigo,
a de te amar sem limites, sem obstáculos.
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