4# carta para a tua mãe
31 de Agosto de 2011
Mulher da minha vida,
Quando alguém te pede para escreveres uma carta para metade de ti, torna-se difícil saber o que escrever. Mas vou começar assim: Sei que não há quem tenha feito mais por mim que tu. Fazes sempre tudo para que eu esteja bem, para que eu seja feliz. Sei que gostas que seja a tua pequena imitação. Sei que quando te desiludo te cai este Mundo e o outro, porque é em mim que depositas todas as tuas esperanças, todas as tuas forças. Sei que há quem me ame tanto quanto tu, mas ninguém me ama mais. Sei que gostas muito de me surpreender, gostas que pense sempre primeiro em ti antes de fazer o que quer que seja para ter a certeza de que terás orgulho no que faço. Sei que gostas muito dos meus textos, sei que choras sempre com as minhas palavras (provavelmente, como todas as mães), por isso nada melhor que escrever para ti. Viste os meus primeiros passos, aturaste os ataques de choro, os ataques de euforia, as 'caras de burro', as dores de barriga, os ataques de nervos. E nunca me largaste a mão enquanto precisei. E se pensas que me esqueço de uma única vez que te tenhas zangado comigo enganas-te. Lembro-me de todas, até das que pensas que para mim foram escusadas. No fundo, sei que, quando te chateias, tens razão. Deixaste-me viver o sonho de ir a Londres. (Se pensas que eu não sei que por vezes choraste às escondidas como sempre fazes, estás enganada, porque eu já te conheço. Sabes que eu não te queria preocupar, mas foi mais forte que eu e acabei por te ligar naquela altura.) És a mulher mais simpática, mais compreensiva, mais emotiva, com o espírito mais juvenil, mais brincalhona, mais elegante, com a melhor memória, mais bonita, mais orgulhosa, mais organizada, mais responsável, mais engraçada, mais trabalhadora, mais segura (vá, com uma ou duas inseguranças), mais sorridente, mais forte, melhor filha, sempre pronta a ajudar, melhor esposa, mais amorosa, melhor irmã, mais preocupada, melhor amiga, mais presente, melhor mãe, a mais completa. Gostas sempre de te sentir bem contigo própria, gostas de sorrir sem medos e orgulhas-te sempre de não depender de ninguém. Mostras-me sempre que, por muito que a vida nos mostre primeiro o caminho mais fácil, devemos sempre procurar um que, mesmo que mais difícil, nos realize mais. Fazes questão que eu faça tudo o que gosto. Orgulhas-te também quando mostras que estar numa cozinha não quer dizer que sejas menos inteligente, que tenhas menos conhecimentos ou que a profissão te condiciona neste sentido.
Vou ser sincera, o momento em que mais chorei sem saberes desde que nasci foi mesmo quando passei o meu décimo terceiro aniversário sem te ter ao pé de mim, custou-me muito não te poder abraçar logo à meia noite como fiz depois, no décimo quarto, mesmo porque tinha imensas saudades disso! Sabes que não há ninguém que te admire mais que eu. Sabes bem que és a minha base e a base de toda a família. Até pode ser mau, mas para mim, tu não tens defeitos: faz tudo parte do teu feitio. Nesta vida tenho duas heroínas, a tua mãe e tu. Duas senhoras respeitadas por toda a gente, duas senhoras para as quais a vida tem o mesmo significado. São as salvadoras os meus pequenos sonhos e quem me apoia incondicionalmente. Sabinina no céu e vocês as duas na Terra. Amas a tua família e a tua família ama-te. E nada nem ninguém pode mudar isso.
Mais uma vez, parabéns minha mãe, minha princesa!
Amo-te mamy!
Da tua florinha, Margarida
P.S.: Nunca te esqueças que te li esta carta logo de manhã, ainda estavas tu na cama !
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